A evolução de qualquer veículo é algo que realmente me fascina, principalmente quando penso que ocorreram poucas mudanças nos materiais aplicados e essa evolução é, em sua maioria, do conhecimento sobre a aplicação de materiais, sobre a geometria e principalmente a física que atua sobre os veículos.
Confira também o a edição #5 do podcast, sobre a história do kart.

Os primeiros karts, na década de 1950 e 1960.
1950
Falando de kart, essa evolução não é diferente. Muita coisa mudou desde os primórdios na década de 50.
Segundo a CIK-FIA (Comissão Internacional do Kart da Federação Internacional de Automobilismo), o primeiro kart foi criado pelo Art Ingels e Lou Borelli. Após uma “demonstração” do pequeno veículo nos box de Ponoma, durante a realização de uma corrida de carros, Duffy Livingstone foi seduzido pelo “brinquedo”. Esse construiu mais dois kart para ele mesmo e para um amigo. Esse grupo começou a se encontrar e um estacionamento e, como onde há dois veículos sempre haverá competição, começaram as corridas de kart.
O esporte continuou bem amador e artesanal por algum tempo, sendo os karts construídos pelos próprios pilotos, ou pais dos pilotos, sendo comum a venda de kits para construção de karts e instruções de como construir seu kart em revistas.

Revista “Kart” de 1961, já falando dos lançamentos de modelos, times de fábrica e corridas endurance.
A partir daí, como tudo no esporte, a competitividade leva à evolução. Surgem os primeiros fabricantes de karts e o esporte se difunde mundialmente.
1960
A década de 60 foi um grande salto para o kartismo no mundo, principalmente pela chegada da modalidade nos principais países da Europa, e pela criação da CIK, regulamentando e padronizando o esporte.
Alguns dos principais fabricantes de motores e chassis atuais iniciaram suas atividades naquela década, entre elas a Birel e Tony Kart, que surgiram e se consolidaram naquela década e estão em atividade até os dias atuais.
No Brasil surgia a Kart Mini, fundada em uma parceria dos irmãos Fittipaldi, Maneco Cambacau, Mario e Cezar de Carvalho. No site da Kart Mini a história é relatada com mais detalhes.
A diversificação de modelos era grande, todos os fabricantes tentavam acertar um desenho de quadro para melhor desempenho, pensando também em baixo centro de gravidade e um pouco de aerodinâmica.
O esporte já tomava formas mais profissionais, os pilotos começavam a ser mais reconhecidos pelo seu talento e o kart passava a ser a “escola” para o automobilismo.

Kart Mini SS, do início da década de 1970. Chassis fabricado com travessas no esquadro, diferente do que viria a ser o futuro.

Kart DAP: No final da decada de 1970 já tinha chassis assimétrico e freios com alívio de peso.
1970
Na década de 70 os karts começam a ter um formato mais similar, fabricação em tubos de aço cromo-molibdênio, postura mais “assentada” e menos deitada no kart, pneus mais largos, motores 2 tempos de 100 e 125cc.
Estabeleceu-se nessa década as principais características que o kart viria a ter até a década de 90. As mudanças mais radicais só voltariam a ocorrer nos anos 2000, principalmente com o advento dos motores refrigerados a água e a evolução dos shifters (motorização com caixa de câmbio).
Do ponto de vista técnico, notamos a evolução dos desenhos de chassis do começo da década de 1970 quando, por exemplo, o Kart Mini SS ainda mantinha o quadro todo no esquadro (ângulos de 90 graus entre peças transversais) e o quadro assimétrico da DAP no final dessa mesma década, padrão que se mantém até os dias de hoje.
No começo desta década, um jovem piloto já dominava o cenário europeu do kartismo. Seu nome é Terry Fullerton e, como muito devem saber, esse se tornaria um dos maiores rivais/referência de Ayrton Senna.
[Nota do editor: A turma do canal Acelerados fez um vídeo bem bacana com Terry.]
Os motores foram padronizados no modelo 2 tempos com refrigeração a ar e cilindrada de 100cc, no padrão CIK-FIA (categorias internacionais) e 125cc no Brasil, pois com esta cilindrada obtinha-se aproximadamente a mesma potência que os motores importados, porém, sem a necessidade da mesma tecnologia e com custos mais baixos.
A evolução dos pneus também foi muito grande, surgindo compostos mais macios e mais largos, o que mudou a “tocada” do kart. Com pneus menos aderentes, andar “de lado” pode ser mais rápido que andar “redondo”. Com o aumento da aderência, a tocada mais limpa consegue resultados melhores e o limite entre a máxima aderência é mais difícil de ser alcançado e mais fácil de ser extrapolado.
O kart sempre foi um esporte que empolgou muitas pessoas, prova disso foi seu rápido crescimento e a organização envolvida e dedicada ao esporte.

Kart Mini “Banheirinha”, com Emerson Fittipaldi ao volante.

Entusiasta do kart, um certo Steve McQueen.

Planta de um kart para construção em casa, datado de 1960.
Fontes:
www.kartmini.com.br
www.cikfia.com
www.nobresdogrid.com.br
www.kartsportnews.com
www.tonykart.com
www.jalopyjournal.com